Impactos silenciosos: a necessidade urgente de controlar a poluição por agrotóxicos

No cenário agrícola do Paraná, a disseminação descontrolada de agrotóxicos deixa um rastro impactos profundos no meio ambiente, na saúde humana e na biodiversidade, indo além das plantações e adentrando as consequências que reverberam em toda a sociedade.

A utilização intensiva de agrotóxicos em uma plantação não se limita às suas fronteiras. Essas substâncias químicas muitas vezes contaminam o solo, afetando outras plantações e culturas vizinhas. O empobrecimento do solo é uma realidade preocupante, com consequências a longo prazo para a sustentabilidade agrícola.

O custo humano

Para cada dólar gasto com agrotóxicos no Paraná, US$1,8 são investidos apenas no tratamento de intoxicações agudas no Sistema Único de Saúde (SUS). Entre 2007 e 2018, o estado liderou as notificações de intoxicação por agrotóxicos no Brasil, com 16,76% das ocorrências. Nos anos de 2015 a 2019, foram registrados 1.717 casos de intoxicação relacionados ao trabalho, com uma média anual de 343 ocorrências, evidenciando a gravidade do problema.

Espigão Alto do Iguaçu: um trágico exemplo

O episódio em Espigão Alto do Iguaçu, cidade com 5 mil habitantes no oeste paranaense, destaca os riscos imediatos e devastadores associados aos agrotóxicos. Em 2018, quase cem pessoas, na maioria crianças, foram intoxicadas por uma nuvem de Paraquate, agrotóxico proibido na Europa desde 2007. 

Agrotóxicos e câncer

As águas que abastecem 127 cidades produtoras de grãos no oeste do Paraná estão longe de serem intocadas. Estudos revelaram níveis elevados de 11 agrotóxicos, associados a pelo menos 542 casos de câncer diagnosticados entre 2017 e 2019. A contaminação das fontes de água representa uma ameaça direta à saúde de milhões de pessoas na região.

A situação da poluição por agrotóxicos no Paraná é alarmante, mas não é irreversível. A conscientização pública, o apoio a práticas agrícolas sustentáveis e a pressão por regulamentações mais rigorosas são essenciais para reverter esse quadro. É hora de repensarmos nossos métodos agrícolas, priorizando a saúde ambiental e humana. O controle da poluição por agrotóxicos é uma missão coletiva, e só por meio de ações coordenadas podemos garantir um futuro mais saudável e equilibrado para nós e as próximas gerações.

 

Fontes: Repórter Brasil, Modefica e Folha de São Paulo