Donizal Lopes é lembrado por sua dedicação e compromisso com os trabalhadores e trabalhadoras, qualidades que o tornaram um líder respeitado na história da indústria e do sindicalismo paranaense. Sua trajetória, uma prova de perseverança, superação e amor ao próximo, lhe rendeu reconhecimento da Câmara Municipal de Curitiba.
Infância
Nascido prematuro em 20 de novembro de 1951, na cidade de Jundiaí do Sul, Paraná, Donizal cresceu em Nova Fátima, onde ainda jovem, demonstrou sua dedicação à família e à comunidade. Seu talento musical, especialmente como trompetista, o levou a tocar na igreja e a participar de desfiles cívicos. Também foi o orador de sua turma no ginásio, destacando sua habilidade de comunicação, algo que se tornaria uma marca registrada ao longo de sua vida.
Carreira
Ainda em Nova Fátima, Donizal iniciou sua carreira profissional trabalhando nas Lojas Pernambucanas e, mais tarde, como celeiro. Em 1974, ao se casar com Ana de Carvalho Lopes, mudou-se para Curitiba e começou a trabalhar na Companhia Cervejaria Brahma. Dedicado aos estudos, concluiu o segundo grau no Colégio Anchieta enquanto assumia novas responsabilidades profissionais. Seu primeiro cargo administrativo foi como auxiliar de escritório na empresa Beckton Dicson, então conhecida como Metal Nobre. Aos poucos, ele se aprimorou em administração e recursos humanos, ganhando a confiança da empresa e alcançando o cargo de gerente de RH.
Estabeleceu seus primeiros contatos com o sindicalismo na função de responsável por homologações das rescisões trabalhistas da empresa onde trabalhava como gerente de Recursos Humanos.
Em 1983, recebeu um convite inesperado: Adolpho Bauer, então presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas de Curitiba e Região Metropolitana, o chamou para ser seu sucessor. Apesar da surpresa por nunca ter atuado formalmente no sindicalismo, Donizal aceitou o desafio e rapidamente se destacou por sua habilidade em dialogar com diferentes atores sociais e empresariais.
Sindicalismo
A presença de líderes sindicais como Gilberto Raut, do Sindicato dos Gráficos, e Luiz Gin, do Sindicato dos Papeleiros, foi fundamental para o aprendizado de Donizal. Com a ajuda deles, ele compreendeu as ideologias e lutas político-sindicais, desenvolvendo uma visão estratégica e comprometida com os direitos dos trabalhadores.
Desde o início de sua gestão, Donizal adotou medidas para modernizar o sindicato: contratou novos funcionários, dobrou o número de associados e expandiu a atuação do sindicato, cobrindo 14 municípios da região metropolitana de Curitiba. Em 1986, deu um passo importante ao unificar as datas-base das categorias representadas – plásticos, químicos e farmacêuticos, e adubos e fertilizantes –, facilitando as negociações coletivas e ampliando os benefícios para a classe. Sua gestão foi pautada pela conquista de direitos fundamentais, como a distribuição de cestas básicas, e a luta constante contra a insalubridade e condições inadequadas de trabalho.
Conquistas e desafios
Sob sua liderança, o sindicato evoluiu em diversos aspectos: informatizou-se, ampliou o setor de comunicação, criou um jornal e adquiriu uma sede própria com 356 m², equipada com auditório, copiadora e outros recursos. Além disso, fortaleceu a assistência aos associados e associadas, oferecendo serviços médicos, odontológicos, psicológicos e jurídicos, além de apoio escolar para os filhos e filhas dos trabalhadores.
Também ampliou a base territorial do sindicato, que passou a se chamar STIQFEPAR – Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Estado do Paraná.
Na vida pessoal, Donizal também enfrentou desafios. Sua esposa, Ana, faleceu em 1989, deixando-o viúvo e como único responsável por criar os filhos Júlio e Gisele, ainda crianças. No mesmo ano, assumiu a presidência pela terceira vez, ao lado do vice-presidente Francisco R. S. Sobrinho, e continuou a expandir o sindicato, que passou a ter delegados na FETIEP e abriu delegacias regionais em cidades estratégicas. Em 2006, o sindicato adquiriu o terreno para uma sede recreativa em Araucária, inaugurada em 2009. Além disso, em parceria com o Instituto Adolpho Bauer, iniciou projetos focados em sustentabilidade social e ambiental, buscando melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores e suas famílias.
Mesmo diante das dificuldades, Donizal sempre manteve sua humildade, generosidade e paixão pela música, que expressava como cantor evangélico, chegando a gravar discos em 1990.
Legado
Donizal foi um líder que se destacava não só pela capacidade de falar, mas também pela habilidade de ouvir. Era um excelente conselheiro e nunca hesitou em ajudar quem precisasse. Sua jornada foi interrompida de forma abrupta em 11 de junho de 2012, aos 60 anos, devido a um infarto fulminante. Seu legado, no entanto, permanece vivo no sindicalismo paranaense, em sua família e em todos os que tiveram o privilégio de conhecê-lo.
Homenagem
A história de Donizal Lopes inspira e motiva, uma verdadeira herança de luta e dedicação à causa dos trabalhadores e trabalhadoras. A nomeação de uma rua em Curitiba em reconhecimento a Donizal Lopes é uma justa homenagem a um homem que tanto contribuiu para o avanço dos direitos trabalhistas no Paraná.
Assista à defesa do vereador Marcos Vieira e votação do projeto na Câmara Municipal de Curitiba: